newsletter__dezembro 2022

O setor agrícola tem tanto de extrema relevância como de complexidade. A relevância é de fácil identificação e resulta da necessidade de, em simultâneo, produzir alimentos e preservar os recursos para uma população mundial de oito biliões de pessoas que daqui a três décadas tenderá para dez biliões. Este desafio atribui-lhe uma importância vital, deixando-lhe a missão de obter alimentos para sustentar a sobrevivência do crescimento populacional concentrado em grandes aglomerados. Por sua vez, a complexidade resulta de ser uma Ciência da Terra e da Vida e, por isso, com necessidade de conhecimentos de: Biologia; Química; Geologia; Geografia; Física; Matemática. A estes adicionam-se os de Engenharia, de Economia, de Gestão e, essencialmente, das Ciências Agrárias e do saber fazer. Discutir e analisar o setor agrícola sem um sólido conjunto de conhecimentos cria o problema de não compreender os fatores bióticos e abióticos que caracterizam os sistemas agrícolas. 

Muitas vezes referem-se as interações entre a atividade agrícola e o ambiente e falta a informação para perceber que o equilíbrio dos ecossistemas resulta da atividade agrícola, caso contrário aparecerá a dominância de uma ou poucas espécies, animais e vegetais, com quebra de diversidade de fauna e de flora ou até a destruição dos ecossistemas por eventos extremos.

Poder-se-á falar de alterações climáticas e das suas consequências nas atividades agrícolas, mas não há conhecimento de Geografia e não se analisam os fatores de clima que determinam as condições de cada local.

Da mesma forma fala-se da conservação de recursos como o solo e a água sem conhecimentos de Geologia, Biologia e de Física que condicionam e determinam, em cada região e local, o uso adequado.

Discute-se a escolha de espécies vegetais e animais para os sistemas agrícolas sem conhecer:
     - as relações ao nível da Biologia, da Química, da Geologia, da Geografia e da Física; 
     - a anatomia e fisiologia animal e vegetal;
     - os mercados. 

É fácil de conversar sobre alimentos provenientes de agricultura orgânica ou, como é usual designar-se em Portugal, de agricultura biológica, sem perceber as interações biológicas e químicas no substrato solo e nas plantas e seus produtos.

Quantificam-se, e muito bem, as atividades agrícolas como o apoio da Matemática, no entanto, não se compreende que estamos perante recursos e seres, animais e vegetais, com vida e, por isso, sujeitos a muitas condicionantes e variabilidade no rendimento.

A propósito de rendimento, estuda-se a aplicação de ferramentas, incluindo as digitais, para melhorar indicadores económicos sem compreender os fatores abióticos e bióticos e a sua interação dentro do sistema agrícola.

Recorre-se à gestão, cada vez mais reconhecida e determinante, sem planear e analisar todas as interações que ocorrem nas atividades agrícolas e em qualquer subárea das Ciências da Terra e da Vida.

Mesmo que esteja reunido todo o conhecimento, atravessa-se uma época de um mundo global caracterizado por grande variabilidade nos mercados, que deixa ainda mais difícil o planeamento das atividades do setor primário caracterizadas por um desfasamento entre a maior parte do custo das atividades e a consequente receita resultante dos produtos. 

Em poucas palavras está demonstrada a complexidade do setor agrícola, que tem de ser analisada e compreendida como sendo de uma Ciência pertencente às Ciências da Terra da Vida e não como ocorre diversas vezes, de outra Ciência.

Sabendo que a vida é sustentada pela esperança e é ela que faz o mundo avançar, espera-se que exista espaço para o crescimento da informação suportado pelas respetivas Ciências, garantindo, assim, o futuro das gerações vindouras. Todavia, só há futuro para as gerações vindouras e continuação da esperança de vida se a agricultura como Ciência da Terra e da Vida prosseguir a sua nobre missão de produzir os alimentos necessários para uma população em crescimento, em simultâneo com a manutenção de recursos. 

Termina-se com esperança que 2023 seja um Excelente Ano. 

BOAS FESTAS

Prof. Doutor José Godinho Calado
Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo

A procura da melhoria contínua, com vista a uma cada vez melhor prestação do serviço público, é o principal compromisso estabelecido na Direção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo (DRAP Alentejo).

Este questionário é de natureza confidencial e anónima e encontra-se disponível até 31-12-2022.

Avisam-se todos os interessados que a DRAP Alentejo tem aberto procedimento com vista à mobilidade na categoria um/a Assistente Técnico/a, para exercer funções no Serviço Regional Norte Alentejano em Ponte de Sôr.

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